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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Conde e Drácula



A música sertaneja de raiz é algo assim como "samba de raiz", preserva aquele jeitinho de se tocar e cantar com o coração, como se fazia no princípio, valorizando principalmente a originalidade de quem a interpreta.

Em 1976, na penumbra de um castelo lá na Transilvânia, a música sertaneja ganhou mais um segmento (in) feliz com a dupla "Conde e Drácula": a música sertaneja gótica ou MSG. Com mil morcegos alienados, dirão vós!: Como dormir com essa ameaça que vai consumir a raça humana com tanta breguice?

Mas pensando bem, com tanta música ridícula que a Rede Blobo dá chance, com suas chuchas e outras cabrochas que adoram baixinhos ... sei lá... acho que vale a pena a gente pelo menos rir um pouco. 

Segundo um conhecedor da dupla e infeliz ouvinte: da época: "a pior é a parte: 'o menino foi pra escola do Mobral'. Essa dupla era a coisa mais medonha da música sertaneja. Até digo que graças à Deus não fizeram sucesso, a música sertaneja não merecia essa coisa gótica. Mas que a música é tenebrosa é. Mas o negócio descambou de vez na parte que o menino foi pra escola do Mobral".

Testemunhas tentam defender a dupla vampírica do sertão: "Oi, sou testemunha ocular dessa dupla, aliás parente muito próximo dos mesmos. Drácula faleceu em dezembro de 1999 (infelizmente não emplacou o novo milênio). 

O Conde, que hoje é médico oftomologista, mora no interior da Bahia em Vitória da Conquista". Uuuiii....! (na verdade escrevi "uuuiii" porque ando com meu dente molar  me incomodando... nada contra essa adorável dupla gótica. Mas é assim que marco algo em alguma publicação) .

O primeiro playlist sertanejo gótico



Veja também: Romance de uma caveira.

Levino Ferreira

Levino Ferreira (Levino Ferreira da Silva), compositor e instrumentista, nasceu em Bom Jardim, PE, em 2/12/1890, e faleceu no Recife, PE, em 9/1/1970. Criado em Bom Jardim, onde fez o curso primário, iniciou-se em música com Pompeu Ferreira, mestre da Banda Vinte e Dois de Setembro.

Aos oito anos de idade, já integrava a banda, tocando trompa, e logo aprendeu a executar outros instrumentos de sopro, começando também a compor.

Em 1910, conhecido na região como exímio instrumentista, transferiu-se para Queimadas (hoje Orobó PE), como mestre da banda local. Mais tarde regressou a Bom Jardim, desempenhando com grande sucesso as funções de mestre da Banda Vinte e Dois de Setembro, o que lhe valeu muitos convites para organizar e dirigir bandas em localidades vizinhas. Nesse período, compôs suas primeiras músicas carnavalescas, ainda sem as influências do frevo, que conheceria somente em 1919, em Recife PE.

Durante vários anos, até 1935, percorreu a região a cavalo, apresentando-se em festas e dirigindo bandas, entre as quais a Independência, da cidade de Limoeiro PE.

Por volta de 1930 sua música já era ouvida em Recife, onde suas valsas eram editadas pela Casa de Música Azevedo Júnior.

Em 1935 a Orquestra Odeon gravou seu frevo Satanás na onda, que venceu o concurso de frevos de Recife. A convite do compositor Zumba (José Gonçalves Júnior), transferiu-se então definitivamente para a capital pernambucana. Passou a ser conhecido como Mestre Vivo, e suas composições eram cantadas por todos os blocos e clubes carnavalescos da cidade. Para o Carnaval de 1937 a Orquestra Diabos do Céu gravou na Victor seu frevo Diabinho de saia.

Teve grande atuação nas rádios recifenses, participando de várias orquestras e bandas: na Grande Orquestra PRA-8, da Rádio Clube de Pernambuco, tocava clarineta, saxofone, trombone de vara e pistom. Como saxofonista e trompetista, integrou o conjunto Ladário Teixeira, criado pelo músico Felinho.

Em 1951 ingressou na Rádio Tamandaré, atuando como chefe de orquestras e conjuntos. Já perto da aposentadoria, foi convidado pelo maestro Vicente Fittipaldi para fazer parte da Orquestra Sinfônica de Recife, tornando-se famoso como solista de fagote.

Em 1964 recebeu diploma do 1 Congresso de Frevo, realizado em Volta Redonda RJ. Em promoção da prefeitura de Recife e da Empresa Metropolitana de Turismo, foi criado em 1970 o Troféu Levino Ferreira, destinado a homenagear os clubes sociais de Recife.

Em 1971 foi homenageado postumamente com a medalha do mérito Cidade de Recife. Compôs ainda valsas, dobrados, maracatus, choros e música sacra. Seu poema sinfônico Cavalo marinho foi executado na França e na Inglaterra.

Obra

Alegria de Pompéia, frevo, 1955; Amália no frevo, frevo, 1960; A cobra está fumando, frevo, 1945; Comendo fogo, frevo, 1959; Diabinho de saia, frevo, 1938; Diabo solto, frevo, 1937; Lágrima de folião, frevo, s.d.; Mexe com tudo, frevo, 1941; Não adianta chorar, frevo, s.d.; Papa fila, frevo, s.d.; Retalhos de saudade, frevo, s.d.; Satanás na onda, frevo, 1935; Última troça, frevo, 1961; Último dia, frevo, 1951; Vassourinhas está no Rio, frevo, 1950.

Everaldo Ferraz


Everaldo Ferraz (Everaldo Ferraz Grama), compositor e cantor, nasceu em Belo Campo, BA, em 27/7/1937. Passou a infância na cidade mineira de Almenara, onde começou a compor e cantar em festas.

Mudando para São Paulo SP, trabalhou como vendedor e auxiliar de escritório e à noite como cantor em churrascarias.

Em 1970 teve sua primeira música gravada, Tuas lágrimas (com Serafim Costa de Almeida), na voz de Cláudio de Barros, na Chantecler. No ano seguinte, estreou em disco como cantor, gravando a faixa Lágrimas de flor (Michel Butnariu e Piquerobi — Madalena Maria Pires), no LP Aquarela sertaneja, de vários intérpretes, pela Premier (RGE).

Show do Meio-Dia, Canal 5, S. Paulo
Em 1973, o cantor Teddy Jones lançou em selo Tropicana Cavalgando pelos campos e Eu me comparo a Jesus. Em dois LPs gravados pela dupla Caçula e Marinheiro as músicas-título são de sua autoria e Piquerobi, Caminho do céu (1973) e Eu me comparo a Jesus (1974), ambas lançadas com sucesso pela Continental.

Também nos LPs O menino de Ouro Fino (1974) e Santa mãezinha (1975), da dupla Gilberto e Gilmar, pela Continental, as músicas-titulo são de sua autoria, em parceria com Martins Neto e Nelson Gomes, respectivamente.

Além de outras músicas suas incluídas nesses discos, teve composições gravadas por vários intérpretes, como o Duo Ciriema, Nhá Barbina, José Lopes, Roberto Nunes e outros.

Um de seus maiores sucessos foi Pedras e lixo (com Piquerobi), gravada por Waldick Soriano, Tibaji e Amaraí, Ademar Silva, Trio lndaiá e Soberano e Montanhês. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha - 2a. Edição - 1998.